Sábado, 26 de Fevereiro de 2005

Sinto-me doente

Acreditem nas minhas palavras: embora não pareça, eu estou debilitado. Acordo com suores frios, deito-me a gemer. E não sei o que tenho, ainda por cima. Tendo em conta que não tenho muitos sintomas físicos, nem me aventuro a ir ao médico, senão ainda inventam para aqui alguma doença macaca e tratam de me abrir como um porco no matadouro. Uma das consequências desta enfermidade (e algo embaraçosa, diga-se de passagem), é que, bom... me faz escrever composições deprimentes, perfeitamente horrendas e absurdas, capazes de dar a volta ao estômago mais forte.
Querem uma prova? Então, espero que ainda não tenham comido nada...

A primeira vez que te vi
Tinhas-te escondido ali
No meio da caloiragem

Senti-me iluminado
Quando olhei para o teu lado
Logo guardei a tua imagem

Não mais me abandonaste
Nem mesmo deixaste
Por um segundo, a minha lembrança

Os meus sonhos invadiste
Minha estabilidade destruíste
Mas de te ter, ganhei esperança

Vamos à mesma escola
Carregando na sacola
As mesmas ambições

Utilizando o mesmo meio
Para chegarmos ao seio
Do nosso centro de ilusões

És algo calada
E também recatada
Sei o que é ser assim

Também tenho esse defeito
Mas acabo por falar a eito
Geralmente, só para mim

O que ditará o futuro
Com certeza, será tempo duro
E recheado de incerteza

Mas uma coisa te digo:
Quero que fiques comigo
Porque te amo...

A todos vocês que sobreviveram, vos faço um apelo: ajudem-me. Que raio de doença é que me afectou, desta vez, e como é que me curo? Preciso de saber. PRECISO DE SABER!!!!!!!!






Ah, já me esquecia. Boas composições.

(Este post é algo contrastante com o anterior, não é? Eh Eh Eh! Eu sou assim.)

Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2005

A mulher, segundo os antigos

(Antes de iniciar o post propriamente dito, quero avisar que este é um texto capaz de gerar polémica, mas eu não sou o autor dos excertos. Culpem quem proferiu tais frases ou escreveu tais textos, eu sou apenas o mensageiro)

Meus caros amigos, hoje chegou-me às mãos um mail referente às referências sobre a mulher em textos antigos, ou leis do Antigamente que visavam tais seres, e senti-me compelido a partilhar tais linhas. Não que partilhe de tais crenças, longe disso (se bem que, com as dores de cabeça que me dão de vez em quando...)!, mas é apenas por uma questão de... cultura geral.

Ora cá vai disto.



"Mesmo que a conduta do marido seja censurável, mesmo que este se dê a outros amores, a mulher virtuosa deve reverenciá-lo como a um deus. Durante a infância, uma mulher deve depender de seu pai, ao casar-se, de seu marido, se este morrer, de seus filhos e se não os tiver, de seu soberano. Uma mulher nunca deve governar a si própria."
Leis de Manu (Livro Sagrado da Índia)

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"A mulher que se negar ao dever conjugal deverá ser atirada ao rio."
Constituição Nacional Suméria (civilização mesopotâmica, século XX a.C.)

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"Quando uma mulher tiver conduta desordenada e deixar de cumprir as suas obrigações do lar, o marido pode submetê-la à escravidão. Esta servidão pode, inclusive, ser exercida na casa de um credor de seu marido e, durante o período em que durar, é lícito a ele (ao marido) contrair novo matrimónio"
Código de Hamurabi (Constituição Nacional da Babilónia, outorgada pelo rei Hamurábi, que a concebeu sob inspiração divina, século XVII a.C.)

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"A mulher deve adorar o homem como a um deus. Toda manhã, por nove vezes consecutivas, deve ajoelhar-se aos pés do marido e, de braços cruzados, perguntar-lhe: Senhor, que desejais que eu faça?"
Zaratustra (filósofo persa, século VII a.C.)

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"As mulheres, os escravos e os estrangeiros não são cidadãos."
Péricles (político democrata ateniense, século V a.C., um dos mais brilhantes cidadãos da civilização grega)

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"A mulher é o que há de mais corrupto e corruptível no mundo."
Confúcio (filósofo chinês, século V a.C.)

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"A natureza só faz mulheres quando não pode fazer homens. A mulher é, portanto, um homem inferior."
Aristóteles (filósofo, guia intelectual e preceptor grego de Alexandre, o Grande, século IV a.C.)

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"Que as mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar. Se querem ser instruídas sobre algum ponto, interroguem em casa os seus maridos."
São Paulo (apóstolo cristão, ano 67 d.C.)

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"Os homens são superiores às mulheres porque Alá outorgou-lhes a primazia sobre elas. Portanto, dai aos varões o dobro do que dai às mulheres. Os maridos que sofrerem desobediência de suas mulheres podem castigá-las: deixá-las sós em seus leitos, e até bater nelas. Não se legou ao homem maior calamidade que a mulher."
Corão (livro sagrado dos muçulmanos, escrito por Maomé no século VI, sob inspiração divina)

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"Para a boa ordem da família humana, uns terão que ser governados por outros mais sábios que aqueles; daí a mulher, mais fraca quanto ao vigor da alma e força corporal, estar sujeita por natureza ao homem, em quem a razão predomina. O pai tem que ser mais amado do que a mãe e merece maior respeito porque a sua participação na concepção é activa, e a da mãe, simplesmente passiva e material."
São Tomás de Aquino (italiano, um dos maiores teólogos católicos da humanidade, século XIII)

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"Inimiga da paz, fonte de inquietação, causa de brigas que destroemtoda a tranqüilidade, a mulher é o próprio diabo."
Petrarca (poeta italiano do Renascimento, século XIV)

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"Quando um homem for repreendido em público por uma mulher, cabe-lhe o direito de derrubá-la com um soco, desferir-lhe um pontapé e quebrar-lhe o nariz para que assim, desfigurada, não se deixe ver, envergonhada de sua face. E é bem merecido, por dirigir-se ao homem com maldade de linguajar ousado."
Le Ménagier de Paris (Tratado de Conduta Moral e Costumes da França, século XIV)

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"O pior adorno que uma mulher pode querer usar é ser sábia."
Martinho Lutero (teólogo alemão, reformador protestante, século XVI)

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"As crianças, os idiotas, os lunáticos e as mulheres não podem e não têm capacidade para efectuar negócios."
Henrique VII (rei da Inglaterra, chefe da Igreja Anglicana, século XVI)

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"Enquanto houver homens sensatos sobre a terra, as mulheres letradas morrerão solteiras."
Jean-Jacques Rousseau (escritos francês, precursor do Romantismo, um dos mentores da Revolução Francesa, século XVIII)

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"Todas as mulheres que seduzirem e levarem ao casamento os súbditos de Sua Majestade mediante o uso de perfumes, pinturas, dentes postiços, perucas e recheio nos quadris, incorrem em delito de bruxaria e o casamento fica automaticamente anulado."
Constituição Nacional Inglesa (lei do século XVIII)

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"A mulher pode ser educada, mas sua mente não é adequada às ciências mais elevadas, à filosofia e algumas das artes."
Friederich Hegel (filósofo e historiador alemão do século XIX)



Pode parecer muito extremista e machista da minha parte a exibição destes trechos neste web-log, mas... OK, talvez seja. Mas não é por isso que deixo de ser bom rapaz... ou é?
(tentativa frustrante de continuar nas boas graças das cerca de uma pessoa do género feminino que passa os seus olhos por esta página...)

Bons escritos.

Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2005

O aglomerado de gente à volta de um vencedor de eleições nacionais

Eu sempre ouvi dizer que a classe política não interessa a ninguém, que os políticos eram uma espécie de parasita engravatado da sociedade, que em ver um bicho daqueles, se deviam fazer uma de duas coisas: ou fugir a sete pés, ou pregar-lhe um tiro. Daí que fiquei algo intrigado a ver a brava tentativa de José Sócrates tentar cumprir os dez metros que o separavam do carro para ir para onde lhe apetecesse.
O que lhe poderia barrar o caminho, visto ele ser o futuro Primeiro-Ministro?
Pois bem... gente.
Manadas de gente.
Parecia que, por exemplo, o Sylvester Stallone havia saído daquele hotel: toda a gente a querer tocar nele, falar com ele, apertar-lhe a mão... porquê? Se lhe tocarem, têm uma crise e desmaiam, como a pitalhada se lhes aparecesse à frente a Britney? Iam para casa satisfeitos e ficavam sem lavar a mão até ao fim dos dias, porque aquela mão "tocou no futuro Primeiro-Ministro? Ou ainda: cortam a mão e embalsamam, para depois os netos andarem a mostrar à laia de bibelot: "-Esta foi a mão que tocou no Sócrates!!" "-O filósofo?" "-Não! O José Sócrates!!" "-Ah... e quem foi esse?" "-Foi um Primeiro-Ministro de Portugal!" "-Ahn... e o que era um Primeiro-Ministro? E já agora: o que era Portugal?"

(OK, confesso que me deixei levar. Adiante)

E depois, porque raio têm de ir atrás do carro dele, a agitar bandeiras e a buzinar? Desde quando é que a política é um campeonato de futebol? Ganhar as eleições alguma vez se pode comparar a ganhar um campeonato? OK, OK, temos eleições (quase) todos os anos, mas... bolas, não é o mesmo! Então... para quê a festa?
(já agora, uma ressalva: eu faria exactamente o mesmo comentário caso o vencedor fosse outro. Não comecem já com mariquices, que a mim ninguém me pinta de cor nenhuma)

Bons apertos

(Para finalizar, um recado para um amigo meu: é chato haver eleições, n'é? ;) Tranquilo, há muito votinho até o fim dos tempos...)

Engendrado por Nettwerk van Helsing às 01:03
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Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2005

Doa a quem doer

Quem passa os seus olhos por este web-log, sabe que, salvo uma ou outra lamechice, eu dou ferroadas a tudo o que mexe comigo, ao que acho que vai mal por esta linda pocilga a que demos o pomposo nome de "Portugal". Porém, hoje vai ser diferente. A pedido de diversas famílias (que se me tivessem pago para isto, tinham feito muito melhor serviço), pediram-me para falar dos actos de "canibalismo" no Cybercafé das Paivas. E eu aceitei sem hesitar, porque... bom, é algo embaraçoso estar a assistir áquilo impávido e sereno (salvo seja) enquanto os sujeitos em questão se comem ali mesmo à minha frente. Ainda mais embaraçoso é quando entre cinco pessoas, eu vou perguntar algo a um deles e me deparo com aquele triste espectáculo... só me dá vontade de passar a andar com uma velinha no bolso e um isqueiro; se bem que, como o telemóvel tem uma lanternazita no fundo (ah, esse grande Nokia 3200, qual canivete suiço!), dá para remediar... De qualquer modo, eu cá acho que vou ficar traumatizado para sempre: as exibições das marcas no corpo de cada um após cada acto, o acto propriamente dito, o esfreganço mútuo para se libertarem de flúidos indescritíveis... realmente, é como o Artur Albarran dizia: "O drama... o horror... A tragédia..." Vou ficar rico à vossa custa, só com as indemnizações que vou ganhar...

Um conselho? Como me disseram hoje, enquanto assistíamos a uma partida de futebol entre solteiros e casados, "Get a room!" Assim, os puritanos e inocentes, como eu (c..., até a mim me soou mal. Adiante), não estariam expostos a tão degradante e imoral espectáculo. É que ver na televisão, ainda vá que não vá; agora, a dois palmos de distância... medo! Medo! Medo!

Boas trincadelas.

(Para acabar, e antes que perguntem: a família - sim, singular - que me pediu para fazer este post foi a família que habita dentro da minha cabeça. Querem processá-los? Estejam à vontade. Se conseguirem que eles saiam daqui terão a minha eterna gratidão)

Terça-feira, 15 de Fevereiro de 2005

Como as televisões podem ser realmente chatas

Morreu a Irmã Lúcia. A última sobrevivente dos três pastorinhos que presenciaram os milagres de Fátima (passíveis de discussão - mas nem me vou aventurar por esse campo) deixou o mundo dos vivos e partiu para esse cantinho adorável que é o Céu. Perguntarão vocês como reagi a esta notícia... pois bem, não me podia importar menos com tal coisa. Quem me conhece bem sabe que as minhas crenças religiosas, pura e simplesmente, não existem, portanto reagi como se me tivessem dito que o Alvalade XIXI se tivesse desmoronado: com indiferença.
(OK, se calhar nesse caso desatava-me a rir à gargalhada até sufocar. Adiante)
Como católicos que somos, o país chorou a sua perda, o Primeiro-Ministro decretou um dia de luto nacional, e fez-se uma cerimónia enorme, até com um enviado do Papa.

Porém, olhando para o título do post e para o texto até agora, muitos de vocês se questionarão: "Mas o qu'é que uma coisa tem a ver com a outra, c...?" Pois bem, espertezas, é que, caso não repararam, quer RTP, quer SIC, quer TVI TRANSMITIRAM O ENTERRO DUMA PONTA ATÉ À OUTRA, DERAM EXACTAMENTE AS MESMAS COISAS, AS MESMAS IMAGENS!!! ('tá bem, não foi bem assim, é um exagero... tinham câmaras em sítios diferentes) Não me vão queres dizer que as três estações usaram o raio dum funeral para a guerra das audiências? Não podiam ter simplesmente feito como no debate Santana-Sócrates, em que deram na SIC e na 2 em directo, e na RTP1 em diferido? Mas NÃO, as três tiveram que dar tudo ao mesmo tempo, a arranjarem comentadores para explicarem aos espectadores (?) o que se estava a passar em cada momento. Parecia o casamento do herdeiro do trono de Espanha.
Eu juro... pagava o que fosse preciso para ver os directores de programação a seguir ao fim do funeral a conversarem entre si:
-Nhããã, a minha emissão foi mais bonita que a tua!!
-Não foi não, o meu comentador foi melhor que o eu!!
-Bah, as vossas não prestaram, a minha é que foi melhor, nós até tinhamos helicópteros a filmar tudo!!
-Seu parolo! Nós até metemos câmaras na campa, para darmos as imagens do caixão a entrar lá dentro!!!

É nestas alturas que dou graças aos céus por existir a televisão por cabo.

Bons enterros.

(Se calhar até se estarão a perguntar "Então se achaste aquilo muito mau, e se tinhas TVcabo - ou Cabovisão, não interessa agora - porque não mudaste de canal?" Pois, se calhar, eu tive de estar a tratar de assuntos com os meus pais num canto da casa em que estava mais gente a ver TV... oh, ffs!)

Engendrado por Nettwerk van Helsing às 21:30
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Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2005

Feliz Dia dos... dos quê?

Ahhh!! O Dia dos Namorados!! Nada como um dia cheio de amor, romance... e compras. Uma ida ao Almada Fórum num dia 14 de Fevereiro é sempre engraçado: montras decoradas com corações, ursinhos abraçados, Cupidos... só faltava uma placa em cada uma das lojas: "Compre a sua prenda para o seu amor ou arrisque-se a ir preso".
Não, agora a sério: porque é que só neste dia se incentiva a oferta de bens à cara-metade? Será que só neste dia é que se pode fazer tal coisa? Será que, se eu der uma prenda à minha namorada (vamos supor, mmmkay? Antes que se matem a rir...) noutro dia qualquer vou preso? Será que se quiser fazer tal coisa tenho que argumentar que é o aniversário dela para evitar ir para o xilindró?
E mais a mais: porque é que lhe tenho de comprar alguma coisa? Será que, se não lhe oferecer nada neste dia, ela me vai mandar às couves, argumentando que não gosto dela? E será que tenho de lhe comprar uma coisa cara? Não chegará um berloque qualquer, tenho de ir mesmo para o que de mais caro houver na loja? Terei de gastar consoante o tamanho da paixão?
Ah, a complicada máquina que é a mente feminina... E ainda, a gloriosa máquina que é o capitalismo (esta frase foi muito "vermelha", não? OK, descuidei-me. Adiante)...
Peço desculpa pelo (pouco) comprimeiro do post, mas eu tinha de expelir o que me vai pela alma a respeito deste dia, mesmo que a minha inspiração ande pela hora da morte...

Boas compras.

PS: não me perguntem o que fui eu fazer durante este dia. A sério. Pode dar origem a más interpretações e a arruinar a minha (já tão abalada) reputação...

Segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2005

Desabafo

Este post, contra o que é costume, não vai estar carregado de ironia, de piadas fáceis, de palhaçada. Tudo porque o seu autor não é o Nettwerk van Helsing, mas sim o rapaz por detrás do Nettwerk van Helsing. E qual é a coisa que esse rapaz sabe fazer melhor e constantemente? Queixar-se. Portanto, é o que vai ser este post. Queixas. Para todos os que já estão habituados a tal coisa da minha parte, sugiro que passem à frente e que vão ver outra coisa, porque isto vai parecer um déjá vu.

Comecemos pelo início: tenho 20 anos (e meio), encontro-me no 1º ano de Engenharia Informática, e a cada dia que passa começo a ter a impressão que estou no curso errado para mim. Quando estava a pouco tempo de concluir o 9º ano (ou seja: a caminhar para os seis anos), fiz um daqueles testes psicotécnicos, que me deram como resultado ir parar no curso de Informática, ou Geral de Economia. Como tenho um medo pânico de coisas económicas, fugi para a outra opção (que, afinal de contas, era a principal) e até ao 12º, a trabalhar em linguagens de caca como eram, na altura, o Pascal, o C e o Visual Basic, dei por mim a querer ser programador (porque eu fui um daqueles muito poucos miúdos que, se lhes perguntassem o que queriam ser quando fossem grandes, nunca sabia o que responder). Chegou a faculdade, e quase que como por obra e graça do divino Espírito Santo (não há maneira de me desabituar desta expressão, raios!), o aluno razoavelmente bom que tirou um 11 no exame de Matemática transformou-se num cábula de primeira ordem, que consegue passar dias a fio sentado na Associação de Estudantes a jogar às cartas, em casa a olhar a matronas peladas durante horas e horas e que não tem vontade nenhuma de fazer o que quer que seja relacionado com escola. Mais: assunto com o tema "escola" cá em casa é abordado por mim com um resmungo, uma resposta torta e um berro de insatisfação, sempre com o intuito de fazer esquecer o assunto o mais brevemente possível.
E a realidade, pura e crua, é que, a cada dia que passa, me apercebo do que sou: um autêntico falhado. Tivesse eu nascido filho de pais abastados, num berço de ouro, seria um daqueles meninos do papá, que tomam conta da empresa sem perceberem um cú daquilo, que acham que o dinheiro pode comprar tudo, convencidos, preguiçosos. Assim, sendo como sou, sou apenas preguiçoso, sem força de vontade, e um completo nabo.
Sou um falhado porque vejo o meu mundo cair à minha volta e não faço nada para o tentar evitar. Sou um falhado porque vejo os meus pais a esforçarem-se por me darem uma oportunidade para ser alguém na vida e a estar a atirar à rua. Sou um falhado porque não tenho coragem de falar com alguém e dizer-lhe o que sinto, o que penso, o que desejo. Sou um falhado porque sou incapaz de ir à luta, de remar contra a maré. Sou um falhado porque me sinto cansado desta merda que é a minha vida. Sou um falhado por, mais que uma vez, ter pensado em suicídio. Mas até nisso sou um falhado, pois nunca tive coragem de fazer fosse o que fosse. E principalmente, sou um falhado porque, amanhã, nada disto me vai importar e eu vou continuar, na boa, como se nada tivesse acontecido. E a raiva, a raiva que acumulo todos os dias, a raiva que liberto quando me contrariam, a raiva que me faz ter aqueles gritos que me deram a alcunha de "General", a raiva que eu sempre pensei nascer do ódio em relação a certas pessoas, afinal é o ódio em relação a mim mesmo. O nojo que sinto de mim, de ser como sou, de ser o que sou. E o pior é que não sei como me libertar de tal sentimento.
Talvez, lá em cima, se escreva direito por linhas tortas. Talvez o facto de eu não ter uma relação à vista seja uma bênção para o mundo, para livrar aos que seriam meus descendentes os genes que fizeram de mim um falhado. Talvez a ideia de colocar os 25 anos como uma marca crucial à minha sobrevivência seja uma boa ideia. Talvez eu nunca devesse ter nascido. Talvez... talvez... Talvez amanhã seja diferente. Talvez amanhã eu queira que as coisas mudem. Talvez vá continuar tudo na mesma. No entanto... apesar de me ter custado, este desabafo já me aliviou de sobremaneira. Embora já esteja a ver o que pode passar pela mente de algumas pessoas, que sou uma attention whore e que necessito desesperadamente de atenção. Contra o que poderia ser de esperar, não me vou defender contra tal coisa, porque provavelmente é verdade. Afinal de contas, tendo em conta que sou uma caricatura dum menino mimado (embora a expressão me enoje), tudo seria de esperar, desde escrever textos a lamentar-me da minha pouca sorte até fazer as mais deprimentes e decadentes figuras. Mas neste momento, já não me importa. Já não me importa o que acham de mim, já não me importa o que pensam de mim, já não me importa seacham que sou um palhaço. Começo a entrar no estado de indiferença em relação ao mundo. E, dentro de alguns anos, talvez não seja mais do que um vegetal. Ou talvez apenas os vegetais e os vermes sejam a minha companhia.

Está frio, doem-me os olhos, tenho sono. Não sei o que faço, porque o faço, para onde ir. Peço desculpa pelo texto.

Carlos

Sábado, 5 de Fevereiro de 2005

Personagem (II)

Pois é, pois é, amiguinhos. Este jovem que vos escreve daqui tira o maior deleite em ser um completo idiota. Porquê?
Bem, ontem resolvi imitar oa passos do meu "amigo", disse que tinha um exame e fui para ó Colombo passear. À génio (aproveitei para comprar mais um livro do Centenário do Glorioso). Mas, ainda não satisfeito com o meu desempenho, a situação piorou. Tinha um jantar de anos duma amiga à noite, portanto lá fui eu, todo lampeiro e contente, ter com a aniversariante e mais três amigas (ou seja, cinco pessoas: eu era o único macho, o que em condições normais seria como entrar no Paraíso). Ora, podia ter tido um desempenho no mínimo razoável, sido sociável, ou pelo menos ter ABERTO A BOCA. Assim, acabei por abrir a boca apenas para consumir a pizza e despejar uns copitos de sangria que me iam aparecendo à beira. Seis copos depois, foi o desespero, alheei-me ainda mais à conversa (o que não era difícil, tendo em conta os temas abordados) e começou o vai-vem em direcção à casa de banho para verter o peso que ia aparecendo quase instantaneamente. Depois, pronto... lá me enfiei de novo no autocarro em direcção a casa. Ainda deu para constatar que o mítico peeling, que colocou pessoas como a Lili Caneças com um aspecto tão jovial, pode ser feito em casa.
E nem no sono a coisa melhorou. Pois a menina retratada num post de há alguns dias apareceu-me em sonhos. Estávamos a tomar um café, em parte incerta... de súbito, dei-lhe a mão, e ela percebeu o que eu queria. Só que me disse "-Adorava estar contigo, só que a maneira como te vestes, enfim..." e eu, tirando o gorro, que parecia uma tira de casca de laranja, argumentava "-Ah, se estás a falar do gorro, é só por causa do cabelo." Qualquer coisa deste género.
Em resumo, a coisa cada vez mais se augura para que eu comece a ganhar a alcunha de "Padre". Mas quando é que apareces no Messenger, c'os diabos?

Engendrado por Nettwerk van Helsing às 16:09
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