Ah... aí vem mais um dia 13! E tendo em conta que se trata do mês de Maio, sabem bem o que isto significa...
... sim, isso mesmo. Que no próximo domingo a televisão vai estar cheia de gente apertada e suadinha a ver a santa passar. Eu até tenho pena da Nossa Senhora, a fazerem-na desfilar pelo meio daquele pessoal a exalar um cheirinho pouco recomendável... e viva o ambientador!
...
OK, vamos deixarmo-nos de parvoíces.
Ontem, quando ia com a minha namorada (é tão bom dizer isto, n'é? Até enche a boca duma pessoa...) para o trabalho dela (longa história, mas não é nada do que vocês possam pensar), passámos por um grupinho de pessoas a pé, que ia com um estandarte pendurado num pau, obviamente com destino a esse centro nevrálgico da sociedade portuguesa que é Fátima. Realmente, eu confesso que tenho de admirar essas pessoas. A sério, não estou a ser sarcástico. Gostava de ter coragem de chegar ao emprego e dizer ao meu patrão: "Olhe, nos próximos dias não posso vir ao trabalho que vou a pé até Fátima". A mim parece-me uma boa maneira de me ausentar da faculdade com um motivo semi-válido (se bem que, normalmente, eu uso os não-válidos; desta vez era uma ligeira diferença), mas depois lembrei-me das pessoas.
Sim, pessoas.
Nuvens de pessoas.
Nunca imaginei eu que Portugal tinha tanta gente (OK, imaginava, mas vocês perceberam), mas é um facto que aquele sítio, por estas alturas, se torna insuportável para alguém como eu, que adora um bom momento de paz e sossego. Que não gosta que invadam o seu espaço pessoal (já tive
uma experiência com muitas pessoas, e jurei para nunca mais, que julguei que morria)... e no meio daquele aperto máximo, quando a santa sair às ruas, só consigo encontrar semelhante naquelas peregrinações hindus ou muçulmanas, em que há sempre pessoal a lerpar por esmagamento.
Por isso, neste dia, quão mais longe da Cova da Iria, melhor para a minha saudínha.
Mas voltando às peregrinações.
Em conversa com a luz dos meus olhos (desculpem, mas não consigo parar) fiquei a saber que o pessoal normalmente não faz
todo o caminho a pé, que há algumas partes do caminho que não dá, e também porque o pessoal não aguenta, e tal...
Vamos lá a ver uma coisa. Eu confesso que não percebo muito disso, mas... eu acho que isso destrói
um pouco o objectivo da coisa, não? É suposto fazermos algo que nos custe, para aparecermos aos olhos de Deus como seres sofredores, e tal, e para mostrarmos que estamos a pagar as nossas dívidas... então, para quê fazer batota? Ele está a ver, e sabe quando não nos portamos bem! E se o caminho não for muito favorável... azarito! Atravessar o Tejo? A maltinha dos barcos está sempre de mãos abertas para os levar à outra margem (se bem que, no sítio onde os avistámos, nem precisavam de dar essa volta, podiam ir por Santarém - ou afins, que arrepiavam caminho)... ou, se quiserem sofrer um bocadinho mais, podem sempre ir a nado, meus caros! Agora, nada de batotices, sim? E se a malta não aguentar, porque tem dores nos pés... porque não pensarem em fazer umas massagenzitas, ou trazerem meio quilo de peúgos para calçarem e aguentarem os sapatos, e uma faca, já agora, para se livrarem dos calos?
Rezem, já agora, é para não aparecer nenhum puto maluco ou com os copos e que não comece a fazer como no GTA, ou no Carmageddon...
Boas caminhadas,
NvH - 38ºC e uma dor de garganta que não desaparece são do melhor!
(ou não...)