Terça-feira, 27 de Março de 2007

O "botas de elástico" afinal era vermelho!

Pois é, para quem anda um bocadinho alheado da realidade televisiva deste país (tipo eu), a história dos "Grandes Portugueses de Sempre" passou-nos completamente ao lado. Acho que esta votação pode ser colocada ao lado de outra como a das "Novas Sete Maravilhas do Mundo" (ou a sua parente pobre, as "Sete Maravilhas Portuguesas" - mas porque diabos tinhamos nós de ter tal coisa? Dor de cotovelo pelo facto de não termos lá nenhuma? Ou mais uma maneira da TVI andar a achincalhar a sociedade portuguesa e roubar audiências à RTP?) - perfeitamente inúteis. Nem sei quais foram eleitas as maravilhas de cá, e muito sinceramente não me interessa. Mas enfim, não era disso que eu queria falar.
O que eu queria escalpelizar a talho de foice (atenção que a "foice" aqui é aquele objecto que serve para ceifar as searas! Não confundir com o objecto de propaganda comunista - nunca fiando, antes que me comecem a chamar faccioso, e tal...) era o facto de, de tantos nomes que foram abordados, ter ganho exactamente o homem que durante mais de quatro décadas fez de Portugal o seu feudo privado, e talvez o homem que mais dor causou aos portugueses (pelo menos aos que trabalhavam...). Mas, apesar de ser deveras surpreendente, e etc. e tal, também não era precisamente isto que eu queria realçar.
Vamos lá a fazer contas simples. Salazar era um ditador, certo? Certo.
Salazar foi eleito como o melhor português de todos os tempos, certo? Certo.
Bom, então agora vamos olhar um bocadinho para a nossa vizinhança.
- Na Espanha, não são grandes fãs do Franco (corrijam-me se estiver errado);
- Na Itália, o Mussolini, depois de ser preso pelos Aliados e salvo pelos Alemães, criou uma república em Salo, no norte de Itália, que foi sempre impopular até ao dia em que os Aliados puseram fim definitivo às aspirações do Duce;
- Na Alemanha, a comunidade em geral vive com vergonha do que esse grande maroto do Hitler andou a fazer (como em tudo, há excepções - por isso falei em "comunidade em geral").
Mas...
E se passássemos a agora fictícia linha que separa o Ocidente do Leste e avaliássemos o que por lá houve?
- Na ex-Jugoslávia idolatrava-se (e ainda hoje) Josip Broz, ou Tito, e muitos acreditam que toda a carnificina que ocorreu na década de 90 aconteceu porque o marechal já tinha morrido;
- Na ex-URSS tinha-se por hábito fazer estátuas aos grandes líderes da Santa Mãe Rússia, nomeadamente Lenine e Estaline;
- Na China veneram a memória de Mao-Tsé-Tung ainda hoje;
- Na Coreia do Norte o Kim Jong-Il está nas boas graças do povo norte-coreano, por mais atoardas que lance aos Estados Unidos e afins.
E nós... acabámos de eleger o nosso ditadorzinho o "maior português de sempre"!
Ora... onde é que isso nos deixa, hein?

Boas ditaduras.

Terça-feira, 20 de Março de 2007

Dissertações absolutamente parvas

Bom, depois dum período em que parecia que tinha sempre assunto para escrever, mais um intervalito, até hoje. E hoje quero mostrar o porquê deste web-log se chamar "As Disfunções Mentais...". Hoje vou deixar aqui alguns raciocícios que me surgiram pela mente nos últimos dias. Preparados para a parvoíce? Ora aqui vai.



I-"Deus não existe" equivale a dizer "José Castelo Branco é um mito"

(antes de me insultarem por esta profanação, leiam o resto, que até pode ser que a implicação faça sentido... ou não, ou não)
Eu sou muito (como dizia um amigo meu, "bota muito nisso!") céptico. Incrivelmente. Vocês nem imaginam. Por isso, digo-o com todas as letrinhas. Não acreditoque Deus exista... porque nunca o vi. Sou céptico a esse ponto. Assim como nem acredito que o ar exista. Falem-me lá no vento, ah e tal... desculpas. O vento é motivado pela rotação da Terra: como giramos, isso faz vento, e tal... Só consigo acreditar no que vejo com os meus próprios olhos. Por isso não acredito nas estrelas. Quem me diz a mim que o que está lá em cima não são milhões de luzinhas dispostas num pedaço de cartão preto para simular o espaço, e que nós não somos meramente frutos duma investigação de seres gigantes? - ou então não, porque nunca os vi. Pronto, adiantei-me a vocês - Aliás, eu nem sei se eu próprio existo! Eu nunca me vi... acho que não sou real!! Também nunca vi o Zézinho do Frota... por isso acho que ele não existe, foi uma farsa da TVI. A única personalidade que eu sei que existe é o Manuel Monteiro. Ou pelo menos acho que era ele, os óculos pareciam os mesmos. Já não sei.

II-Quem faz .pps's não tem vida pessoal

Vou assumir que não saibam do que estou a falar. .pps, as apresentações do Powerpoint, aquelas que nos enchem as caixas de correio electrónicas (literalmente, se ainda vivessemos nos tempos do Hotmail a 2Mb's...). Aqueles .pps's com fotos de paisagens/carros/coisas intermédias, que seriam melhor empregues e mais fáceis de manusear se as adicionassem ao mail, em vez de criarem um a apresentação e só depois a anexar, com mensagens subliminares (Deus, amizade, felicidade, blá, blá, blá, sabem do que estou a falar), onde se incluem as já muito batidas "correntes de amizade" - não vale a pena bater em mortos -, ou então algo que parece ter sido importado do agora defunto rotten.com: imagens de acidentes, com carcaças de chassis misturados com intertinos e braços a eito - e que, invariavelmente, eu acabo por apagar mal chego à primeira. A sério... nunca ninguém pensou, enquanto passam ao mail seguinte, quem raio faz estas coisas?
Será que o pessoal brasileiro (sim, porque a esmagadora maioria são brasileiros - vá-se lá perceber porquê... não que tenha alguma coisa contra eles, antes pelo contrário) que chega a casa vindo sabe-se lá daonde tem logo na mente fazer uma apresentação lamechas e enviá-la ao maior nº de pessoas possível? Será que muitos deles tem como ambição pessoal criam algo que circule todas as caixas de correio de todo o mundo? Quem é que tem objectivos desses na vida? A não ser... que não haja uma vida, sequer. A não ser que passaem a vida encafuados em casa, sem amigos, depois se lembrem de criar um -pps e enviá-lo ao desbarato.

e agora, a "panache"...
III-Expressões longínquas

Antes de mais, devo convessar que esta foi criada enquanto estava à sanita, a tratar de despejar o almoço. E por isso me senti na obrigação de questionar algumas das expressões que se usam por cá. Expressões de distância.
E porquê estas expressões?
Bom, um bocadinho óbvio... se nos lembrarmos duma delas: o "no cú de Judas". Eu não acho que isso faça muito sentido. Em primeiro lugar, porque não deve ter existido só um Judas na terra - mesmo sabendo que esse não é grande nome para se dar a um filho -, o que poderia dar azo a situações do género:

"-Onde é isso?
-No cú de Judas.
-Ah, ali? *aponta para o traseiro dum indivíduo chamado Judas*

Extremamente embaraçoso, diga-se. Mas pronto, assumindo-se que só houve mesmo o judas Iscariote, vamos lá a ver. O homem era hebreu, ou seja, ali nos arrabaldes da Palestina e Israel, certo? Ora, ele matou-se por lá à mesma e os ossos dele apodreceram ainda na mesma zona... ou seja, quando alguém diz que algo fica "no cú de Judas" significa que isso fica no Médio Oriente? Hmm... não me parece, não sei porquê. Concerteza que é longe, mas... acho que não tem o tipo de longinquidade que lhe é atribuída.
"A três dias de Bagdad", também já ouvi essa expressão, não sei já a quem, mas também, é algo dúbia. Precisamente pelos mesmos motivos que a anterior. Está bem que sempre fica mais longe do que o Médio Oriente, mas ainda assim, desprovido da "lonjura" que lhe dão. É só enfiarmo-nos num avião!
"Para lá do sol posto" já me parece mais coerente. Porque podemos ir atrás do sol posto. nas nunca lá chegamos. Um pouco na dinâmica de se chegar à ponta do arco-iris (eu já vi uma!! Ahahahaha), mas em quantidades astronómicas. Não dá... se alguém quiser experimentar, deve ser algo do género dos ratos andarem naquelas rodinhas, que nunca saem do mesmo sítio...
Para além destas, temos o "C... mais longe" e o "Santa C... de Assobios", que não vou dissecar aqui por evidente decência.



Foi assim muito parvo?
Enfim... tinha de fazer alguma coisa. Foi um dia muito longo, desde as 6h, e estava de precisar de libertar energias.

Boas dissertações.

(acham que é desta que consigo uma entrada gratuita num hospital psiquiátrico? Se acham que sim, liguem p'ra lá e falem-lhes de mim... convém começar a criar já reputação)

Quinta-feira, 1 de Março de 2007

Dia negro

Não bastava hoje fazer um ano que um amigo meu morreu, tinha de receber mais uma notícia triste: o Manuel Bento, um dos meus ídolos de infância, o homem de borracha, morreu.
Homem de grande carácter, começou aos 15 anos no Riachense a dar os primeiros passos que o levariam tornar-se um dos melhores guarda-redes nacionais de sempre, transitando um ano depois para o Goleganense, clube da sua terra, quando estes abriram uma equipa juvenil. Foi sondado pelo Sporting, mas não ficou, por os "leões" pretenderem os seus serviços sem quererem dar um centavo ao Goleganense. Acabaria por ingressar no Barreirense, com 18 anos, e impressionaria tudo e todos num jogo com o Sporting, em que defendeu tudo o que havia a defender, dando já uma ajudinha ao Benfica para ganhar o campeonato. Seria chamado à festa de homenagem de Mário Coluna, calhando-lhe substituir outro "monstro" das balizas: Lev Yashin, a Aranha Negra, impossibilitado de se deslocar a Portugal. Voltou a impressionar, e em Agosto de 1971, ingressou no Benfica.
Quase quinhentos jogos depois, o adeus aos relvados, com a bela idade de 42 anos, depois de oito campeonatos, seis Taças de Portugal e duas Supertaças. Representou a selecção principal por 63 vezes, com destaque para o Europeu-'84 e o Mundial-'86, evento que lhe assombrou o final da carreira, pois numa brincadeira num treino, antes do jogo com a Polónia, Bento partiu a perna, e esta viria a atormentá-lo até ao fim da carreira. Esteve 1290 minutos sem saber o que era sofrer um golo, e, frente à Escócia, em Glasgow, fez uma tal exibição que os jornalistas lhe deram alcunha: rubberman, o homem de borracha.
Após pendurar as luvas, treinou. Esteve muitos anos ligado aos quadros técnicos do Benfica (e estava ainda, como treinador de guarda-redes dos júniores dos encarnados), e ontem, na gala dos 103 anos do Benfica, marcou presença, dando a entender que estava tudo bem com ele. Rui, conversou, confraternizou com antigos companheiros de equipa. Os mesmos companheiros que ficaram consternados com a notícia do seu falecimento, aos 58 anos.
Bento marcou uma geração nas balizas portuguesas. Muitos petizes, quando eram questionados sobre o que gostariam de ser quando fossem grandes, haveriam certamente de dizer "quero ser como o Bento". Depois de Damas, partiu o último grande guarda-redes das décadas de 70-80. Certamente estarão agora juntos.

Que descanse em paz.



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